quinta-feira, 26 de março de 2015

Fora do carreiro

Querer sair do carreiro é uma coisa. Como fazê-lo, é outra. Obter independência financeira, eis a primeira e falsa prerrogativa, já que tal se encontra reservado aos bons e maus ladrões ou, na melhor das hipóteses, a uma herança-surpresa. Outro pensamento mágico é julgarmos-nos capazes de agir no sentido de nos vermos livres de constrangimentos e responsabilidades. Vai daí apresentamos demissão do nosso emprego. De seguida, arranjamos um namorado/a mais novo e portanto na mesma sintonia irresponsável. Junte-se a isto a compra de todos os livros de auto-ajuda com títulos disparatados tais como, "Mude a sua vida em 5 minutos", com as respectivas receitas para a liberdade pessoal. 
Ora, na opinião desta Encantadora, tal pode muito bem ser um bilhete só de ida em direcção à pobreza ou, pior, ao internamento num hospício por depressão severa. 

Queridas amigas formigas, sugiro-vos um Encantamento: abrandem o vosso desespero. O desespero paralisa-nos a mente. Falamos de um carreiro, num pensamento único, ou mesmo na ausência de qualquer pensamento. Daí a necessidade de exercitarmos o acto de pensar. Não aceitamos que nos digam como devemos mudar ou então como devemos contornar a infelicidade. Seja um livro, um guru, ou mesmo um auto-proclamado profeta. Confiamos na nossa intuição (tão subvalorizada nas escolas), no nosso bom-senso. Valorizamos o que sabemos, o que aprendemos. Agradecemos aos amigos e supostos inimigos (principalmente a estes últimos) o facto de terem participado deste acumulo de experiências. Clarificamos os erros, sem nos armarmos em juízes de nós próprios. Em conclusão, pensamos e logo existimos fora do carreiro, assim transformado na mais pura ilusão. 

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