domingo, 17 de janeiro de 2016

Uma campanha triste

O preço da Liberdade é a vigilância eterna. Thomas Jefferson


Já dizia alguém (o senso-comum?) que não podemos obter resultados diferentes ao fazer algo da mesma maneira. Resultados diferentes e, no mínimo, empolgantes, pedem acções que contrariem o marasmo e a sua amiga mais íntima, a desesperança. Novos resultados pedem, no mínimo, acções criativas. Tudo isto para dizer que tenho acompanhado, 
bastante disfarçada, a Campanha para as novas Eleições Presidenciais. Meti um capote às costa e misturei-me com os estudantes de Coimbra para ouvir uma serenata a uma cândida candidata. Virei o capote do avesso, pus-lhe uma gola e ala para o Alentejo. Introduzi-me à socapa num grupo de cante alentejano e pude observar outro candidato, em tempos padre e com muitíssimo mais sexappeal do que o agora político. Também me desloquei às feiras onde, qual David Attenbourough, espreitei por entre os molhos de couves e alfaces o candidato mais hiperactivo, que hiperactivamente beijava crianças e idosos. E, claro, assisti a mais um comício-pastel-de-bacalhau do candidato com os piores dirigentes de campanha de sempre: além de juntarem as iniciais do nome do homem de forma a compor uma onomatopeia, não contentes com o serviço ainda lhe compuseram um hino com resquícios de canção de intervenção pós-25 de Abril. Podia contar como foi com os restantes candidatos a Presidente da República, mas só de pensar em continuar a discorrer sobre tal assunto, abre-se-me a boca num bocejo de espantar aves e rinocerontes.

Em resumo: existe algo demasiado pequeno, maçudo e, pior, suburbento (de subúrbio), na  antiga super-potência chamada Portugal dos Descobrimentos. As tripulações que rumavam em direcção ao desconhecida, à imagem dos cosmonautas e astronautas actuais, regressavam com menos de metade dos seus homens. O mesmo sangue corre nas  veias do povo que hoje morre, sem glória, nos corredores dos hospitais nacionais. Somos os mesmos, mas os nosso líderes, no passado recente, só nos desiludem pela sua incapacidade de nos unir em prol de um Bem Maior. As naus apodrecem no cais, sem rumo, sem rei, sem ver rosto que dê rosto à Pátria. Morrem cidadãos em prol de nada. E a resposta que damos às famílias enlutadas e empobrecidas é uma Campanha triste, bisonha, igual a todas a que já assistimos. O que promete um futuro Presidente triste, bisonho e semelhante a um actor a quem dão um velho papel nada condizente com o cenário actual. Nenhum milagre, nenhuma magia pode acontecer de Encantamentos mal-feitos e pior, com os mesmos maus resultados do Passado. Sem pós de fada, ninguém voa. Sem um Líder dotado, pelo menos, de bom-senso para demitir dirigentes de Campanha inaptos, adivinha-se um Futuro na paz de um barco-fantasma. 

Os Comícios-comes-e-bebes, os bailaricos, as feiras, as serenatas, os hinos e coros...tudo um enorme e triste déja vu. Caras amigas, conterrâneas formigas, quando veremos cumprir Portugal? 

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