sexta-feira, 8 de maio de 2015

Cabíamos tão bem naquele destino


Teus olhos devolveram-se à multidão,
 meu corpo, a esta cela de mar.
Logo agora, quando
 tão bem cabíamos naquele destino,
 duas linhas num desenho sem título.
Aconteceu um comboio partir distraído e assim
 viemos sentar-nos a este muro.
Em redor, um silêncio sem raízes.
Fizemos deslizar o desejo para a sombra,
Depois, veio a  encruzilhada
dois pedaços de carvão resvalaram do mesmo lume.
Antes da nossa viagem traída,
 éramos um só prodígio repartido em duas mãos. 
Feneceremos nesta foto sem deslumbre. 
Logo nós, que tão bem cabíamos naquele destino,
Duas linhas, apenas um rumo, traçado no espaço
 da folha branca, universal.

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